Olá caros leitores,
Em um belo dia no meu segundo grau do ensino médio, encontro-me na porta da sala de aula esperando o intervalo acabar, quando do nada surge uma garota dizendo:
"- Mulher, eu te admiro demais, cara!!! Quero ser igual a tu mulher, me ensina como se vestir doidona assim como tu, quero usar essa bota ai, essas meia rasgada, me ensina a ser assim?"
Minha reação foi simplesmente ficar de boca aberta sem saber o que dizer, apenas o que girava na minha cabeça era: "- Por quê ela quer ser igual à mim?". Já tinha visto essa garota várias vezes passado pelos corredores da escola, sempre alegre e muito simpática com seus amigos, nunca me passou pela cabeça que ela um dia viesse falar comigo para pedir algo desse tipo. Foi necessário pensar em algo para dizer que não a machucasse.
Então, respirei fundo e respondi: "- Olha, seja você mesma e é isso que importa.". Achei que ela fosse surtar, para minha felicidade, a garota simplesmente disse: "- É isso aê boizinha, valeu, gostei de tu.". Simplesmente passei alguns minutos ali parada pensando no que acaba de acontecer.
Foto: Lady Wilma, sessão fotográfica amadora. Produzido por Lady Wilma.
Não é de hoje que existem pessoas vindo até mim para perguntar o que deve fazer para se tornar Gótico(a), a primeira coisa que escuto de algumas delas é: "- Tenho que me cortar?". Não sei de onde foi que tiraram essa ideia de que Góticos vivem se cortando. Não existe essa teoria, se alguém se diz ser Gótico e pratica esse ato ou por desespero ou simplesmente por fetish é outra coisa. Mas, não existem regras, nem dicas para se tornar um, simplesmente é algo para sentir dentro de si, perceber como algo natural, comparado a força da gravidade.
Assim foi comigo, desde criança adorava cemitérios, principalmente para brincar no dia de finados, roubando velas dos túmulos (risos). Embora tenha passado por uma fase de minha adolescência onde tentava me encaixar em algum grupo, procurando minha própria identidade, deixei de lado muitas coisas. Aos 13 anos finalmente encontrei meu lado obscuro. A primeira vez que ouvi essa palavra "Gótico" foi na aula de inglês aos 16 anos, o professor pediu que pesquisasse sobre, pois, ele considerou-me pertencente à essa cultura, devido as roupas que usava naquele dia.
Acreditava naquela época que havia sim regras para seguir, devido à Ditadura Gótica, no antigo site de relacionamentos "Orkut", muito se criticava sobre que era ou não Gótico só pelas roupas, lugares que frequentava e músicas que escutava. Tentei procurar sites que ensinassem como ser um Gótico de verdade. Depois de ler muito, tornei minha mente fechada por um tempo, julgando as pessoas desta forma. Hoje, percebo que não existem regras para se tornar Gótico, simplesmente é algo que flui, como nosso sangue, vem de dentro de nós.