Foto de Divulgação: Lady Wilma, 2016.
Olá caros leitores,
Mais um post que fala de uma coreografia que elaborei o ano passado para o Festival de Dança do Centro da Juventude do Rangel em João Pessoa-PB (Brasil). Evento esse com o objetivo de promover a integração de danças swings, contemporânea e hip hop. Ou seja, todas as atividades referente à dança realizadas dentro do Centro da Juventude, tiveram oportunidade de se apresentar e convidar outros grupos de danças de vários estilos para compartilhar essa magia conosco. Tivemos ainda a oportunidade de ser entrevistados, os links dos vídeos estarão no final do post.
Foto de Divulgação: Lady Wilma, 2016.
Meu Bambolear é o Tribal
Não foi uma coreografia que passou cerca de 1 ano ou mais para ser elaborada, nem muito menos meses. Foram apenas 15 dias, exato, 15 dias leitores e digo-lhes com sinceridade, não se faz coreografias assim do dia pra noite, é um trabalho árduo que requer conhecimento prévio do que está criando, assim como anos de experiência em dança (e eu ainda sou uma iniciante com 3 anos de dança). No entanto, não achava adequado apresentar a Coreografia Máscaras, pois, não tinha o impacto de explosão em alegria como eu queria, ainda mais para um publico diferenciado.
Então, resolvi usar os conhecimentos de uma oficina de Tribal Brasil que fiz em 2014 com Kilma Farias na UFPB- Universidade Federal da Paraíba. Foram três dias com duas horas de aula, totalizando uma carga horária de 6 horas. Tive oportunidade de conhecer a ciranda, afoxé, isolamentos de dança tribal, possibilidades de composição coreográfica, exercícios de elaboração de movimentos baseados no conteúdo, e acreditem ou não, no final do curso tivemos uma coreografia.
Guardei esse conteúdo na minha mente, esperando uma oportunidade de usar, até que chegou. Simplesmente quando resolvi que ia dançar essa coreografia, faltava 15 dias para o evento como havia mensionado anteriormente, a música caiu como uma luva, embora já tivesse escolhido outras cheias de remixes, mas, infelizmente não estava vindo inspiração. Quando escutei a música de Jackson do Pandeiro-Baião do Bambolê, parece que estava me vendo dançado a coreografia, o figurino e tudo mais.
Foto de Divulgação: Lady Wilma, 2016.
Letra da Música:
Mas inventaram um tal de bambolê
Mas que negócio da mulesta foram inventar!
A gente fica num cantinho só
Remexendo, remexendo, remexendo sem parar...
Bambolê, bambolê, bambolê, meu baião
Bambolê, vamos bambolear. [coro repete]
Pegue neste bambolê
E coloque na cintura e comece a remexer
Pra você ver o gosto que vai dar
Bambolê, bambolê, bambolear...
Eu coloquei no meu baião
E pelo jeito que estou vendo vou me viciar:
[coro:]
No bambolê, vou bambolear
No bambolê, vou bambolear...
Composição: Almira Castilho / Antonio Barros Silva
Processo coreográfico
Depois da música conversei com minha mãe para saber mais das danças populares brasileiras que ela já dançou na infância e adolescência. Fui também assistir mais uns vídeos de Tribal Brasil, já que meu conhecimento naquele momento ainda era muito limitado. Fui aos poucos identificando movimentos e suas matrizes, testei alguns, procurei desconstruí-los e aos poucos a coreografia foi saindo.
O que facilitou o processo foi o fato da música ser simples em uma melodia constante. Separei a música em três partes e fui montando uma de cada vez. Ainda pensei em entrar no palco cantando uma ciranda e tocando uma pandeirola, mesmo sabendo que era um instrumento de percussão apropriado para as danças ciganas, o que não faria sentido aqui, já que a ideia era retratar uma menina de interior brincando com seu bambolear. No final das contas após conversar com duas profissionais de dança realmente descartei a ideia. Ainda comprei também um bambolê para tentar dançar com ele, mas 15 dias não era possível para meu nível de dança na época, introduzir um elemento faltando poucos dias para a apresentação não daria certo, e ainda mais, logo depois percebi que ficaria muito "clichê", e o bambolê imaginário fez mais sentido na coreografia.
Usei matrizes da capoeira, ciranda, frevo, forró e xaxado; mesclando os mesmos aos movimentos de dança tribal fusion e a uma "pitada" de graça e charme, provando a platéia a querer brincar comigo. Redondos, waves, giros, insolamentos, fazem parte da coreografia de acordo com a leitura musical.
Foto de Divulgação: Lady Wilma, 2016.
Figurino
O figurino também foi outro desafio, de uma hora para outra através de familiares que moram no interior da Paraíba, consegui encomendar material para fazer a saia, essa linda saia (pesada por sinal), com metros e mais metros, feita exclusivamente para que ficasse pairando no ar nos giros e parecesse um bambolê no meu quadril. A chita foi usada na calça gênio como é mais conhecida, que também foi difícil de achar, já que o período das festividades juninas havia passado na minha cidade e todas as lojas de tecidos estavam sem estoque. Tive que viajar para Pernambuco em Caruaru para comprar o tecido.
Pensei em usar um top de dança tribal, mas, vi que não faria sentido para o personagem na qual estava interpretando, então o choli caiu perfeitamente ainda mais com esses fuxicos contornando suas bases. Detalhe, eu mesma fiz os fuxicos do Choli e do cinto também, detalhe: aprendi com minha mãe. E o cinto ainda ganhou pompons e mandalas para lembrar mais os figurinos de ATS. Mandalas essas feitas com uma flor dourada e botão de pérola, e miçangas nas cores azul, amarelo e verde. Ganhei de presente um par de tornozeleiras que ficou lindo com o figurino. Iria prender o cabelo, mas, depois tive a ideia de usar uma faixa com duas mandalas, uma de cada lado.
Foto de Divulgação: Lady Wilma, 2016.
Ensaio Fotográfico
Embora o figurino completo não tenha ficado ponto antes da apresentação do festival, consegui terminá-lo a tempo para fazer esse ensaio fotográfico que ilustra este post, essas fotos foram tiradas em Areia no interior da Paraíba em um cenário montando na frente do Restaurante Vó Maria, muito famoso na região, é uma cooperativa chamada Chã de Jardim que organiza o espaço. Simplesmente inspirador para mim, já que essa coreografia é dedicada a minha mãe, que tanto me ajudou na coreografia, não poderia ter escolhido cenário melhor para representar sua infância e suas brincadeiras dançantes.
Aproveitei bem o local que possui muitos utensílios no cenário que retratam a vida no interior, como o famoso Caçuá, que é um cesto de cipó, taquara ou vime, fasquias de bambú para colocar na cangalha nas costa do burro, cavalo ou jumento no transporte de alimentos, em outras regiões brasileiras é conhecido como jacá (Dicionário Informal). Ainda usei jarros e panelas de barro, fogão à lenha, cestos e peneiras de palha, entre outros para compor as fotos. Este cenário continua ainda exposto no local, para quem for fazer excursão, vale à pena conferir, fazer umas fotos e almoçar.
Foto de Divulgação: Lady Wilma, 2016.
Agradecimentos
Primeiramente, agradecendo a minha mami, maravilhosa mulher guerreira do dia-a-dia, que tanto me inspira na dança, nos estudos e fez ser a mulher que sou hoje.
Segundo a minha cunhada, que fez de tudo para conseguir o material da minha roupa e ainda costurou com tanto carinho, trabalho e dedicação.
Agradecer também a Alecsandra Matias pelas suas preciosas dicas na coreografia e figurino também, a Kilma Farias pela assistência em responder as minhas dúvidas e pelos conhecimentos de Tribal Brasil, a Andréa Monteiro pelas dicas de figurino e pelos seus ensinamentos em dança tribal fusion.
Aos meu papi que se disponibilizou a viajar comigo para comprar os tecidos.
Ao mi amore pelas fotos lindas e toda assistência, paciência para fotografar esse ensaio.
Ao Dal por disponibilizar o Centro de Referência da Juventude para ensaiar meu trabalho e favorecer oportunidades dentro da cultural popular brasileira e principalmente pela juventude que tanto necessita de atenção.
A Kely Correa pelo convite para dançar essa coreografia em Cabedelo-PB em Dezembro do ano passado no qual foi material para o vídeo logo à seguir.
A todo a administração do Restaurante Vó Maria que permitiu o ensaio.
Gratidão à todos, aos que prestigiaram esse trabalho nos palcos e você leitor, por estar sempre aqui comigo, seguindo meus passos na dança, minha evolução pessoal e profissional.
Sem todos vocês esse trabalho não seria possível.
Vídeos
Apresentação em Cabedelo-PB, 2016.
"Meu Bambolear é o Tribal"
Coreografia: Lady Wilma
Entrevista no Festival de Dança do Centro da Juventude, 2016.
Local: Centro de Referência da Juventude do Rangel-João Pessoa (PB).
Local: Centro de Referência da Juventude do Rangel-João Pessoa (PB).
Outras apresentações do Festival de Dança do Rangel:
Cia de Dança Alecsandra Matias
Coreografia: Alecsandra Matias
Dança Cigana Artística, 2016.
Dança do Ventre, Percussão Árabe
Coreografia: Alecsandra Matias, Monique Thompson e Lady Wilma
Espero que tenham gostado e até a próxima
Bloody Kisses