Olá caros leitores,
Sexta-feira, dia de postar para vocês, gostaria de trazer uma resenha de maquiagem, mas, o meu tempo não permitiu sentar e passar tudo que escrevi no papel para o blog. Então, hoje estou mostrando as fotos do meu ensaio fotográfico referente a mais um de meus trabalhos.
Antes das fotos, gostaria de falar um pouco sobre, já que esse trabalho não foi realizado com base em outro personagem e sim, em mim mesma. E acredito que foi tão fácil dançar essa coreografia justamente por representar um quadro fiel da minha personalidade, é simples mas, feita com muito carinho.
As fotos no final do post são para divulgar a coreografia de Tribal Fusion intitulada Minha Guerreira Interior, elaborada para o ano de 2017 e foi apresentada em primeira mão no Lua Azul, evento de dança realizado em Recife-PE (Brasil) no mês de Março do mesmo ano, organizado pela Esmeralda Produções. Também foi apresentada em João Pessoa-PB no Festival da Estação Cabo Branco em Abril (tem vídeo da apresentação, mas, a resolução não ficou legal e devido à isso não foi postado no youtube) e em Junho no Encontro de Danças Étnicas promovido pelo Grupo Gypsy Fire de Danças.
A ideia da coreografia surgiu na virada do ano novo, onde dancei para um evento particular com um improviso de tribal fusion com espada, postei um trecho dessa apresentação na minha página do facebook, mas, aconteceu algo pelo qual eu mais temia desde o dia em que comecei a dançar com espada, ela caiu da minha mão enquanto transferia a mesma de uma mão para outra atrás de mim. Sim!!! A espada caiu no chão e bem na minha frente, eu poderia ter simplesmente deixado ela no chão ou apanha-lá pedir desculpas ao público e sair do palco. Não, minha reação foi a mais inesperada possível, simplesmente fui ao chão com charme e graça, apanhei a espada e tornei à dançar como se nada tivesse acontecido.
E você leitor me pergunta: "- Você ficou nervosa? Você não ficou com medo que as pessoas debochassem de você?". E minha resposta é não, pois, não sei o que aconteceu comigo, foi tão rápido, como se algo tivesse reagido por mim. E foi quando comecei a acreditar que a minha Deusa interior tinha tomado conta do meu corpo para guiar-me nessa situação que é constrangedora para qualquer bailarino, até para os profissionais. No final da apresentação agradeci ao público e não pedi desculpas, já que não havia nada para desculpar, e sei que alguns de vocês até bailarinos profissionais podem achar essa minha postura uma gafe, mas, para minha Deusa Interior isso foi algo que eu precisava passar para perder o medo e perceber que tudo pode acontecer no palco, seja no improviso ou com meses de ensaio. O que importa não é a espada cair e sim, a maneira como você consciente ou no meu caso inconscientemente toma a decisão de agir de forma a não fazer as pessoas notarem o "erro". Pois se tem algo que aprendi com o teatro foi que, quanto mais você pede desculpas e fala do seu erro, mais as pessoas vão dar importância à ele.
No final de tudo, passei a explorar mais aquele movimento no qual a espada escorregou da minha mão e uma nova coreografia aos poucos foi saindo, algo que não era um personagem, era algo que eu queria fazer, algo que eu queria colocar na minha dança. Então, um momento de introspecção tomou conta das minhas meditações, passei à buscar dentro de mim conceitos e palavras de estímulo que pudessem me dar base para colocar sentido ao trabalho que estava sendo desenvolvido.
Palavras como: equilíbrio, força, beleza, carisma, sonho, coragem, fragilidade e determinação surgiram na minha mente, elas fazem parte das minhas atividades diárias, e como elas se ligam à minha coreografia?
A palavra equilíbrio vem dos momentos em que é preciso respirar, acalmar-se e resolver os problemas do dia-a-dia; a força de vontade de querer algo e fazer acontecer por méritos próprios; a beleza de ser amada e amar, de acordar e saber que a verdadeira beleza encontra-se dentro de nós mesmos; o carisma para conhecer novas pessoas, novas possibilidades; sonhos que ainda tenho para realizar, outros deixados pra trás e outros ainda em construção, sendo lapidados pelo tempo e pelas experiências boas e ruins; a coragem de passar pelas dificuldades mesmo com lágrimas nos olhos e sentir à vitória no final da jornada; fragilidade porque não sou de ferro embora tenha que ser em alguns momentos; determinação em continuar, persistir até conseguir meus objetivos.
Essas palavras deram base para posturas, possíveis pontos de equilíbrio da espada no meu corpo e uma melhor organização do roteiro onde a "historinha" foi montada. Explorei quatro pontos de equilíbrio que nunca havia feito antes com espada na dança e eles possuem ligação com as palavras de estímulos, esses são:
1- Na cabeça colocada com a ponta na mesma linha do meu nariz em modo transversal, ou seja, nada tradicional, afinal é tribal fusion.
Palavras de estímulo usada como referência: equilíbrio, coragem.
2- Nas costas, mudando a direção e níveis do corpo para que as pessoas pudessem ver de vários angulos;
Palavras de estímulo usada como referência: força, coragem;
3- No ombro onde faço giros contínuos e rápidos, já havia feito esse movimento antes mas, sem giros, o que aumentou a dificuldade do equilíbrio;
Palavras de estímulo usada como referência: equilíbrio, força, determinação.
4- E por fim, na ponta do dedo indicador girando a espada em cima da cabela e em baixo, retornando duas vezes pelo mesmo trajeto.
Palavras de estímulo usada como referência: equilíbrio, força, coragem, determinação.
Dos aéreos explorei movimentos como jogar a espada no ar e pegar novamente, girar ao redor do corpo e entre meus dedos trocando de mãos, passando pelas minhas costas, demonstrando coragem, aquela que não tem medo de tentar novamente. A beleza e o carisma vem com os movimentos iniciais da coreografia, antes de descer ao chão e pegar a espada faço uma flor de lótus como simbolo da sabedoria e junto as mãos levando-os ao peito, agradecendo à minha Deusa Interior, além de bater os punhos com as mãos fechadas no quadril, representando a força de trabalho das mulheres, simbologia do trabalho duro, muito comum nas coregrafias de dança cigana turca.
A fragilidade vem com o trabalho que tive em tentar manter minha ansiedade no lugar e sentir à música, já que havia escolhido outra para esse trabalho, aguardar o tempo certo para realizar os movimentos sem parecer desesperada, algo muito comum quando danço com véu por exemplo, trabalhar isso foi também desafiador, mas, conseguir colocar leveza e força ao mesmo tempo nos movimentos. O sonho vem da felicidade em ter a oportunidade de apresentar esse trabalho tão íntimo para as pessoas e ser aplaudida de forma calorosa, sentindo a evolução como bailarina dentro dessa coreografia, isso em todos os sentidos e foi onde finalmente pude ser eu mesma.
O figurino também representa o próprio eu, nas cores que amo, usando roupas das quais não usava mais, então, customizei junto com minha cunhada Socorro e consegui o que queria, parecer uma bailarina de tribal fusion e ao mesmo tempo que lembrasse uma amazona. Optei por menos acessórios com o intuito de evitar que a espada pudesse enroscar em algo. Confesso que esse figurino tem uma pegada Dark, mas, ao mesmo tempo tem sensualidade sem ser vulgar.
E por fim, a música escolhida foi Mara Despina de Can Atilla, simplesmente linda e muito profunda sua melodia, usava bastante para meditar e caiu "como uma luva".
A espada usada na coreografia e nas fotos é do Espada No, vou deixar o link para vocês no final do post para quem quiser adquirir, são artesanais com materiais de muito bom gosto e o equilíbrio é perfeito, essas eu recomento sem medo.
As fotos à seguir representam partes da coreografia, o ensaio foi realizado no Parque Arruda Câmara mais conhecido como Bica, já que amo a natureza, nada mais inspirador e perfeito para essas fotos que a mata, espero que gostem.
Os agradecimentos especiais vão para minha cunhada, que se não fosse por ela esse figurino não seria possível. A minha mestra em dança do ventre e cigana Alecsandra Matias pelas dicas e por me ceder essa música linda, além de ter sido a primeira pessoa à colocar uma espada na minha cabeça. A Andrea Monteiro minha primeira professora de Tribal Fusion. A Kilma Farias por seus ensinamentos de composição coreográfica e manuseio de espadas para dança tribal. Ao mi amore DJAC por essas fotos lindas, sem ele não seria possível realizar tanto, pois ele me apoia em tudo, sou grata por você existir na minha vida. E à tantas outras pessoas por tanto amor, carinho e por cederem o espaço de ensaio o coordenador do Centro da Juventude do Rangel o Adailson, gratidão.
Nunca deixe que as pessoas digam que você não é capaz, tudo é possível, basta apenas você tentar, persistir e dedicar-se com amor, sem passar por cima de ninguém. Apenas seja você mesmo.
Até a próxima
Bloody Kisses de Lady Wilma.
Link do Espada No: http://www.espadano.com/