Olá caros seguidores,
Lançando oficialmente um dos meus primeiros trabalhos de vídeo dança do ano de 2019.
Ficha Técnica:
Estilo: Tribal Brasil
Coreografia: Resistência Nordestina 2019
Imagens: Arlete Elias
Edição: Lady Wilma.
Figurino/ Maquiagem: Lady Wilma.
Local: Serra do Lima- Patu (RN)
Música: Lamento Nordestino- Quinteto Violado
As tecnologias evoluíram, políticas públicas embora ainda não seja totalmente eficazes tem feito a diferença na vida das pessoas que moram no sertão nordestino. Enquanto cursava a especialização em Gestão Ambiental do Semiárido em Picuí-PB, pude conhecer produção de polpa de frutas, artesanato, hortaliças, culinária, integração social e principalmente muita força de vontade de resistir e ficar.
Na graduação de Gestão Ambiental conheci um lugar que deveria ser chamado de Paraíso ao invés de Imbimirim-PE, na sede do SERTA (Serviço de Tecnologias Alternativas), tive a oportunidade de ver um pomar em meio ao sertão, um solo fértil, vida sob uma camada generosa de matéria orgânica e húmus. Todo o sistema funciona como um ciclo, tudo que se colhe, retorna para o solo, alimenta os animais e volta novamente para a mesa do homem. Além do mais importante, se uma planta está aparentemente seca, por dentro tiver seiva, então ela não está morta, nossa caatinga é adaptada para resistir, assim como o homem nordestino da atualidade.
Em 2003 passando perto de Quixeramobim-CE, famílias em casinhas de taipa em terras secas, passávamos distribuindo cestas básicas, promessa de um dos clientes das viagens turísticas/religiosas que minha mãe ainda faz, batemos palmas em uma dessas casas, um homem magro e de idade colocou a cabeça fora com um olhar desconfiado, chamamos ele achando que estava sozinho, por um instante ele resistiu mas, quando dissemos que era para entregar comida e roupas, ele saiu e junto a família veio atrás, filhos, cachorro, esposa, todos felizes, simplesmente a única coisa que eles tinham pra comer era farinha, apenas farinha.
São 28 anos viajando pelo interior deste meu nordeste, conheço o calor, vi muitas belezas, tristezas, resistências, lágrimas, esperança, sorrisos, olhares de gratidão e fé. Casas abandonadas, casas com famílias inteiras esperando por um prato de comida. Histórias inesquecíveis, tanto quanto a da infância da minha mãe, na qual sempre ouvi falar das tantas vezes que ia buscar água no rio com o pote, água para beber e cozinhar, tomar banho. Bacia cheia de roupas equilibrando na cabeça usando de suporte uma "rudia" pra ir ao rio lavar roupas.
Embora a coreografia final ainda não esteja completamente formatada, neste vídeo pude abordar alguns movimentos, experimentos, assim como toda essa história que contei para vocês aqui: resistência e memórias.
Espero que tenham gostado. Ano que vem essa coreografia estará sendo apresentada em diversos eventos, assim como também postarei aqui no blog um artigo sobre a pesquisa realizada dentro do tema.
Até a próxima
Bloody Kisses de Lady Wilma
P.S. Não esqueçam de deixar o "joinha" no meu vídeo lá no canal do youtube, pra ajudar na divulgação do meu trabalho. Gratidão!